Este cartulário é uma cópia de documentos relativos às relações feudais dos reis de Aragão e dos condes de Barcelona no início da Idade Média. Segundo o seu prólogo, foi apresentado ao rei Afonso, o Casto ou o Trovador (1162-1196) pelo seu compilador, o decano da catedral de Barcelona, Ramon de Caldes. Continha 941 documentos, sem contar alguns acrescentados posteriormente, dos quais 499 constituíam o primeiro livro e 442 o segundo livro.
A maioria deles foram datados dos séculos XI e XII, e representavam os títulos de domínio e soberania dos condes de Barcelona, mais tarde reis de Aragão, tanto na atual Catalunha como nos condados de Roussillon e Cerdanya e na Occitânia: alianças, núpcias, testamentos, ordens de castelo, infeudações, juramentos de homenagem, etc. Também foi decorado com grande número de miniaturas, algumas de página inteira, ilustrativas do texto.
Era originalmente composto por dois volumes de pergaminho de grande formato com 498 e 404 páginas respectivamente, cerca de metade dos quais não continha texto escrito. Ambos foram preservados completos até o final do século XVIII. Em data indeterminada e por circunstâncias não esclarecidas, o cartulário foi desmembrado, perdendo-se a maior parte das páginas.
Graças aos índices antigos completos, foi possível identificar e recuperar o texto de muitos dos documentos desaparecidos, preservados em originais ou cópias da ACA e outros arquivos. Em 1945 F. Miquel Rosell publicou a edição completa de grande parte dos documentos, deixando apenas cerca de 150 escrituras por identificar.
O Liber feudorum maior hoje preservado é um volume único encadernado em pergaminho em 1945 e constitui uma compilação dos fragmentos encontrados em 1807 (89 páginas) e dos achados de 1945 (27 páginas).
O códice é ricamente decorado com miniaturas representando cenas feudais de juramentos de fidelidade, realizadas por dois artistas de tradição românica, possivelmente no início do século XIII.
O primeiro artista concebe as cenas baseadas em reis entronizados e vassalos ajoelhados com estruturas quadrangulares ou multilobadas. Seu estilo é geométrico, sem volume e com alguns detalhes em vermelho e dourado, e fundos azuis. O segundo artista apresenta uma maior variedade de cores e recursos decorativos, como se pode verificar nos detalhes das vestimentas, nos gestos e nas representações arquitetônicas esquematizadas que emolduram as cenas.