A Infanta Isabel de Aragão ascendeu à primeira linha da cena política europeia no início do século XIV, por nascimento e por casamento. Era filha do rei Jaime II de Aragão e de Branca de Anjou. E casaram-na com Frederico, o Belo, duque da Áustria e da Estíria e Rei dos Romanos, filho do imperador Alberto I e de Isabel de Caríntia.
Com o casamento de Isabel e Frederico, a casa real de Aragão passou a estar ligada à família Habsburgo, que pretendia alcançar o trono do Sacro Império Romano-Germânico. Mas a guerra pela coroa imperial foi longa e cruel, tornando amargo o reinado do jovem casal. Finalmente, a derrota de Mühldorf contra Luís IV, o Bávaro, levou ao cativeiro de Frederico. Ambos morreram em 1330, quando Isabel tinha apenas 28 anos.
A carta revela a importância que a corte austríaca atribuía a este casamento. Foi escrita em alemão, uma língua que a nova soberana ainda não compreendia, pelos seus cunhados Alberto e Otto, desejando votos de boa sorte para a sua chegada. Isabel recebeu-a a caminho da sua nova casa.
Casou-se por procuração em 8 de outubro de 1313, numa cerimónia sumptuosa na Catedral de Barcelona. O casamento foi seguido de magníficas festas. A união foi abençoada pelo Papa Clemente V de Avinhão, onde a comitiva real da Infanta parou na sua viagem para o nordeste. De seguida, foi recebida nas margens do Reno por familiares do duque. E foi coroada Rainha dos Romanos a 11 de maio de 1315, em Basileia, após uma cerimónia solene de casamento em Ravensburg, a 28 de abril. Isabel tinha então cerca de 13 anos.
A carta, que foi estudada por Finke, é uma das mais antigas cartas de carácter privado ainda existentes, escrita em alto alemão médio.
“Unserer herzenlieben swester Elspete der hochgebornen schonegin von Rom enbieten wir Albert unde Otto ir brueder von Gots genaden herzoge in Osterriche und in Steyr unser getruelich dienst mit bruoderlicher liebe [...]. Ouch bitten wir dich vleizechlich, swenne du zu unserm lieben herren und bruoder chomest [...] daz du im sagest unser dienst getruelich und gedench an uns, als wir dir getrouwen”
[= “À nossa querida irmã Elisabeth, a excelsa rainha dos Romanos, oferecemos a Alberto e a Otto, irmãos pela graça de Deus, duques da Áustria e de Steyr, o nosso fiel serviço com amor fraterno. [...] Também te pedimos encarecidamente que, quando fores ter com o nosso querido irmão [...], lhe fales fielmente do nosso serviço e te lembres de nós, pois confiamos em ti”].
A missiva encontra-se entre os milhares de documentos soltos que, desde a criação do arquivo real de Barcelona (1318), foram conservados juntamente com os registos da Chancelaria da Coroa de Aragão. Estes documentos soltos são tanto escrituras importantes relacionadas com a casa e com o património real, como cartas e papéis recebidos, confiscados ou cancelados e não enviados ao destinatário.
O Arquivo da Coroa de Aragão conserva mais de 42,000 documentos da série de cartas reais, por ordem sucessiva de reinados. Só as do tempo de Jaime II são cerca de 20.000.
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